A alta de 16,80% nas tarifas de energia elétrica residencial exerceu uma pressão significativa sobre a inflação de fevereiro de 2025, representando a maior contribuição individual para a taxa de 1,31% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este aumento no custo da energia elétrica foi responsável por 0,56 ponto porcentual da inflação mensal, refletindo um impacto direto no bolso dos consumidores brasileiros.
O encarecimento da eletricidade residencial surge em meio a um cenário de reajustes nas tarifas, que estão atrelados a uma combinação de fatores, como a escassez de chuvas que afeta a geração de energia hidrelétrica, o aumento dos custos dos combustíveis e a necessidade de ajustes na estrutura tarifária. Essa alta foi um dos maiores vilões da inflação de fevereiro e teve um peso expressivo no orçamento das famílias, especialmente aquelas que dependem do uso doméstico intensivo de energia.
Além da energia elétrica, outras despesas também tiveram destaque entre os itens que mais pressionaram o IPCA. A gasolina foi outro fator importante, com um aumento de 1,55%, contribuindo com 0,14 ponto porcentual para a inflação do mês. Esse aumento no preço dos combustíveis está vinculado tanto à alta nos preços internacionais do petróleo quanto às políticas internas de reajustes nos impostos e na própria formação do preço no mercado nacional.
Os gastos com educação também desempenharam um papel relevante, com aumentos no ensino fundamental (0,12 ponto porcentual) e no ensino superior (0,07 ponto porcentual). Esses ajustes são comuns no início do ano letivo, quando escolas e universidades frequentemente reajustam suas mensalidades. O aumento nos preços desses serviços reflete o impacto da inflação nos custos operacionais das instituições de ensino, como salários de professores e manutenção de infraestrutura.
Itens como o café moído (0,06 ponto porcentual), aluguel residencial (0,05 ponto porcentual) e ovos de galinha (0,04 ponto porcentual) também apareceram na lista de produtos que mais pressionaram o IPCA. Esses aumentos podem ser atribuídos a uma combinação de fatores como a oferta limitada de produtos no mercado e o aumento dos custos de produção e transporte.
Por outro lado, alguns itens apresentaram quedas significativas, aliviando um pouco o impacto sobre a inflação. O destaque foi a queda de 20,46% nos preços das passagens aéreas, que contribuiu com uma redução de -0,16 ponto porcentual no índice. Esse movimento está relacionado com a diminuição da demanda por viagens aéreas após o período de férias de verão, além da estratégia das companhias aéreas para estimular a venda de bilhetes. O setor de lazer também registrou retração, com o cinema, teatro e concertos apresentando uma queda de -0,03 ponto porcentual.
Esse cenário de alta nos preços de itens essenciais, como energia elétrica, combustíveis e educação, contrasta com a redução nos preços de serviços de lazer e viagens, criando um quadro complexo para a economia brasileira. A inflação de fevereiro, com uma taxa de 1,31%, reflete uma realidade de pressões internas e externas, e a expectativa é de que o Banco Central continue monitorando esses indicadores para avaliar a necessidade de ajustes na política monetária, principalmente com relação à taxa de juros, a fim de controlar o avanço dos preços e evitar que os aumentos se perpetuem ao longo do ano.
Em resumo, o IPCA de fevereiro trouxe à tona os principais desafios econômicos que os brasileiros enfrentam neste início de 2025, com a alta nos preços de serviços essenciais como energia elétrica e educação, e uma leve redução em setores como transporte aéreo e lazer. O acompanhamento dessas variações será fundamental para entender a dinâmica inflacionária nos próximos meses e as possíveis medidas do governo para mitigar os impactos sobre o consumidor.
Foto: Reprodução.