Impermeabilizador de sofá se torna réu por explosão fatal em Valparaíso de Goiás
Em um caso trágico que chamou a atenção da comunidade de Valparaíso de Goiás, Renan Lima Vieira, um trabalhador autônomo, foi indiciado pelo Ministério Público (MP) por homicídio culposo após um incêndio fatal que matou um casal e seu bebê de 23 dias de vida. A tragédia ocorreu em agosto de 2024, quando o produto impermeabilizante, altamente volátil e inflamável, foi aplicado de maneira negligente e sem os devidos cuidados, causando uma explosão que se espalhou rapidamente pelo apartamento onde as vítimas residiam.
O Ministério Público alegou que Renan, ao realizar o serviço de impermeabilização, ignorou as instruções claras contidas no rótulo do produto, que alertavam sobre o risco de incêndio e explosão, especialmente quando o produto fosse aplicado em ambientes fechados e pequenos, como o apartamento onde o incidente aconteceu. A acusação sustenta que Renan não apenas falhou em orientar as vítimas sobre os perigos do procedimento, como também demonstrou total falta de qualificação técnica para realizar a tarefa de forma segura.
Negligência e falta de capacitação técnica
O produto utilizado por Renan era altamente volátil, o que aumentava o risco de reação com qualquer fonte de calor ou faísca nas proximidades. No entanto, as investigações revelaram que ele aplicou o impermeabilizante em um ambiente pequeno e fechado, desconsiderando completamente as advertências do fabricante. Além disso, o MP aponta que o trabalhador não possuía o conhecimento técnico necessário para aplicar o produto de forma segura, o que agrava ainda mais a acusação de negligência.
Em depoimento, Renan reconheceu que não leu as instruções contidas no rótulo do produto antes de realizar o serviço. Esse fato foi interpretado pela promotora como um indicativo claro de negligência e imperícia, uma vez que ele não se atentou aos riscos envolvidos no uso do impermeabilizante. Ele também afirmou que havia aceitado realizar o serviço por conhecer Graciane, uma das vítimas, há muito tempo, o que sugere uma relação de confiança, mas não uma avaliação crítica da tarefa a ser realizada.
A tragédia e as consequências
O incêndio que resultou na morte do casal e do bebê se alastrou rapidamente pelo apartamento, deixando pouca chance de reação para as vítimas. O bebê, que tinha apenas 23 dias de vida, foi uma das vítimas fatais do acidente. O caso gerou comoção em Valparaíso de Goiás e levantou sérias questões sobre a segurança no uso de produtos químicos e a responsabilidade dos trabalhadores autônomos na aplicação de serviços que envolvem substâncias perigosas.
A defesa e a investigação
O Mais Goiás tentou entrar em contato com Renan Lima Vieira para obter mais esclarecimentos sobre o caso e a sua versão dos fatos, mas não obteve sucesso na localização de seu contato ou de sua defesa. O espaço segue aberto para qualquer manifestação da defesa ou do réu sobre as acusações.
O processo agora segue seu curso no sistema judiciário, com Renan respondendo por homicídio culposo, crime no qual o réu não tem a intenção de matar, mas age com imprudência, negligência ou imperícia, causando a morte de outrem. A acusação de homicídio culposo é uma tentativa de responsabilizar aqueles que, por falha em seus deveres ou por agir de forma imprudente, causam danos irreparáveis, como a morte de três pessoas neste caso.
Lições sobre a segurança no trabalho
Este caso também serve como um alerta sobre a importância de seguir rigorosamente as orientações dos fabricantes de produtos químicos e a necessidade de capacitação adequada para profissionais que lidam com materiais perigosos. A negligência na aplicação de produtos inflamáveis pode resultar em consequências devastadoras, como evidenciado pela tragédia em Valparaíso de Goiás.
A sociedade e os profissionais da área de impermeabilização e serviços relacionados devem estar cientes dos riscos envolvidos e da responsabilidade que têm para com a segurança de seus clientes, especialmente quando se trata de substâncias com alto potencial de risco, como solventes e impermeabilizantes.
O desfecho deste caso pode representar um marco para a conscientização sobre a necessidade de uma atuação mais cuidadosa e qualificada por parte dos profissionais autônomos, que muitas vezes atuam sem a devida supervisão ou treinamento em serviços de alto risco.
O caso está em andamento, e mais informações poderão surgir conforme o processo judicial se desenvolve. O incidente levanta questões importantes sobre a regulamentação e fiscalização do trabalho autônomo, especialmente em tarefas que envolvem o uso de produtos potencialmente perigosos.
Fotos: Reprodução.