A inflação de fevereiro registrou o maior aumento desde 2003

Por Rede Livre

A inflação de fevereiro registrou o maior aumento desde 2003

Foto: Desconhecido

INPC de Fevereiro Registra Alta de 1,48% e Impacta Reajustes Salariais

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), indicador que costuma ajustar anualmente salários e benefícios de diversas categorias, fechou o mês de fevereiro com uma alta de 1,48%. Este é o maior índice desde março de 2022, quando a inflação foi de 1,71%. Quando analisado o mês de fevereiro ao longo das últimas duas décadas, esse é o valor mais alto registrado desde 2003, quando o INPC teve uma variação de 1,46%.

Influência do Fim do Desconto na Conta de Luz

O resultado de fevereiro é explicado, em grande parte, pela alta significativa na conta de energia elétrica, que subiu 16,96% em comparação com janeiro. Esse aumento ocorreu com o fim do Bônus Itaipu, programa de desconto que foi concedido em janeiro, e que ajudou a segurar a inflação naquele mês. Em janeiro, o INPC não apresentou variação, com 0% registrado.

Com o término do benefício, o custo de habitação, que inclui o preço da energia elétrica, foi o principal responsável pela elevação do índice geral, subindo 4,79%. Esse aumento impactou o INPC em 0,79 ponto percentual, representando uma parcela considerável do total registrado. Essa variação fez com que o índice de fevereiro fosse mais expressivo, mesmo diante de uma desaceleração nas altas de outros itens.

Alimentação e Outras Categorias

Além da habitação, o grupo de alimentação e bebidas também exerceu influência no índice de fevereiro, com uma alta de 0,75%. Apesar disso, a inflação dos alimentos desacelerou em relação a janeiro, quando o aumento foi de 0,99%. A variação de outros grupos foi mais moderada, com destaque para a educação, que apresentou uma alta de 4,45%, refletindo o impacto sazonal de reajustes no setor. Já o grupo de transportes subiu 1,11%, enquanto saúde e cuidados pessoais teve um acréscimo de 0,54%.

Impacto nos Reajustes Salariais

O INPC é um indicador crucial para o reajuste de salários e benefícios de muitos brasileiros, especialmente aqueles com uma renda de até cinco salários mínimos. O dado de fevereiro tem um impacto direto nas negociações de reajustes ao longo do ano, já que o acumulado dos últimos 12 meses costuma ser utilizado como base para ajustes salariais em diversas categorias.

Particularmente, o salário mínimo é reajustado com base no INPC de novembro, enquanto o teto do INSS e o seguro-desemprego são atualizados a partir dos dados de dezembro. Para 2025, o impacto da inflação sobre esses reajustes pode ser significativo, dado o acumulado de 4,87% nos últimos 12 meses.

Diferenças entre INPC e IPCA

Uma das principais diferenças entre o INPC e o IPCA, ambos calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o público-alvo que cada um representa. Enquanto o INPC mede o custo de vida de famílias com renda de até cinco salários mínimos, o IPCA abrange famílias com uma renda de até 40 salários mínimos. Atualmente, o salário mínimo é de R$ 1.518.

Essas diferenças de escopo resultam em variações nos pesos atribuídos aos grupos de produtos e serviços. Por exemplo, os alimentos têm um peso maior no INPC (25%) do que no IPCA (21,86%), uma vez que as famílias com menor poder aquisitivo gastam uma maior proporção de sua renda com comida. Em contrapartida, itens como passagens aéreas, que têm um peso significativo no IPCA, impactam menos o INPC.

O IBGE explica que a apuração do INPC busca refletir as variações de preços da cesta de consumo da população assalariada de menor rendimento, com o objetivo de corrigir o poder de compra dos salários, proporcionando uma representação mais fiel para esse público.

Abrangência da Pesquisa

A coleta de preços para o INPC abrange diversas regiões metropolitanas do país, incluindo Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além de áreas do Distrito Federal e de municípios como Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju. Essa abrangência geográfica permite uma visão mais ampla das variações de preços, considerando as diferenças regionais no custo de vida.

Conclusão

 

O INPC de fevereiro, com uma alta de 1,48%, reflete uma pressão significativa sobre os custos de vida, especialmente devido ao aumento da energia elétrica e dos preços de serviços e educação. Essa alta deve afetar não apenas o bolso dos consumidores, mas também o planejamento econômico do país, com reflexos em reajustes salariais e em benefícios governamentais ao longo de 2025.

 

Foto: Reprodução.