Influenciadora e proprietário de clínica de estética são presos novamente por suspeitas de deformações em pacientes
Na manhã desta quarta-feira (12), a influenciadora digital e proprietária de uma clínica de estética, Karine Gouveia, e seu marido, Paulo César Dias, foram novamente presos preventivamente, conforme informações divulgadas pela Polícia Civil. A prisão ocorre em meio a acusações de que o casal causou deformações em pacientes que se submeteram a procedimentos estéticos e cirúrgicos realizados em sua clínica em Goiânia.
O advogado de defesa de Paulo César, Tito Amaral, criticou a prisão, chamando-a de “absurda e desnecessária”, argumentando que não há fundamento legal para a detenção do casal, que, segundo ele, vem sendo alvo de uma verdadeira “manipulação” da Polícia Civil. Em declaração enviada ao g1, Amaral afirmou que as autoridades estão criando um “show de horrores”, que estaria induzindo o Ministério Público e o Poder Judiciário ao erro, e que a prisão será revertida rapidamente, seja pelo Tribunal de Justiça de Goiás, seja pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Até o fechamento desta matéria, a defesa de Karine Gouveia não havia se manifestado.
Acusações graves e novas evidências
O casal é investigado por uma série de crimes graves, incluindo formação de organização criminosa, falsificação de produtos terapêuticos, lesões corporais gravíssimas, exercício ilegal da medicina e estelionato. Eles são acusados de realizar procedimentos estéticos e cirúrgicos sem a devida qualificação técnica, colocando em risco a saúde e segurança dos pacientes.
As investigações começaram após uma operação policial em dezembro de 2024, que revelou que, além de Karine e Paulo, outros profissionais que atuavam na clínica também não possuíam formação técnica adequada para realizar os procedimentos. De acordo com a Polícia Civil, a clínica operava com alvará para procedimentos de classe estética, ou seja, intervenções minimamente invasivas, mas realizava procedimentos de maior complexidade, sem a devida autorização.
Durante a operação, a polícia apreendeu produtos e materiais inadequados para os procedimentos e também executou mandados de busca e apreensão em Goiânia e em Anápolis, cidade situada a cerca de 55 km da capital. As autoridades bloquearam bens e valores, que somaram R$ 2,5 milhões, além de um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões.
A formação acadêmica de Karine Gouveia em xeque
Outro ponto crucial das investigações é a falsa alegação de Karine Gouveia sobre sua formação acadêmica. Em um áudio divulgado pela Polícia Civil, Karine afirma a uma cliente que possui graduação em biomedicina, o que, segundo as autoridades, não é verdade. O delegado responsável pelo caso, Daniel Oliveira, confirmou que Karine nunca teve registro no Conselho Regional de Biomedicina da 3ª Região, o que contradiz suas declarações. Em um dos áudios, Karine afirmou ter se formado em Londrina, mas não especificou a instituição de ensino, o que reforça a suspeita de que ela se apresentava falsamente como profissional habilitada para realizar procedimentos médicos.
Libertação temporária e nova prisão
Karine e Paulo estavam em liberdade desde o início de fevereiro, após decisão da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Daniela Teixeira, que entendeu que a prisão preventiva não era mais necessária. A decisão, que atendeu ao pedido da defesa, argumentou que o casal não representava mais risco à investigação e que a manutenção da prisão seria desproporcional, principalmente considerando que o casal tem uma filha de 7 anos, que sofreu um grave acidente de carro e precisou de cirurgia. A ministra também apontou que outros investigados já haviam sido liberados.
Repercussão e reações
A prisão do casal, somada à gravidade das acusações, tem gerado grande repercussão, especialmente nas redes sociais, onde Karine Gouveia é uma figura influente, com milhares de seguidores. O caso levanta discussões sobre a regulação da profissão de esteticistas e a fiscalização de clínicas de estética, um setor em expansão no Brasil, mas que, segundo especialistas, carece de regulamentação e fiscalização adequadas para evitar abusos e garantir a segurança dos pacientes.
Por sua vez, a defesa de Paulo César Dias reafirmou sua posição, declarando que o casal está confiante de que a decisão será revertida, apontando abusos por parte das autoridades policiais. O advogado também mencionou que medidas serão tomadas contra o que considera ser uma atuação excessiva da Polícia Civil, incluindo a busca por responsabilidades no âmbito do controle externo da atividade policial e junto à Ordem dos Advogados do Brasil.
O futuro do caso
O desenrolar do caso promete continuar a atrair atenção da mídia, tanto pela gravidade das acusações quanto pela controvérsia envolvendo a prisão do casal, especialmente após a decisão do STJ que havia concedido liberdade a Karine e Paulo. O caso também coloca em evidência questões sobre a qualificação e regulamentação de profissionais na área de estética, um campo crescente no Brasil, mas ainda com lacunas em sua fiscalização e controle.
O tribunal continuará acompanhando a situação, e novas decisões judiciais deverão ser tomadas nas próximas semanas. A defesa do casal se prepara para recorrer da prisão, o que poderá alterar o curso da investigação e das acusações.
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