UFG Impulsiona Pesquisa em Terapia Celular Focada na Saúde Ocular com Quase R$ 11 Milhões em Investimentos
A Universidade Federal de Goiás (UFG) está dando um passo significativo no avanço das pesquisas na área de terapias celulares voltadas para a saúde ocular. O projeto Cell4Vision, que visa o desenvolvimento de tratamentos regenerativos para doenças oftalmológicas, foi selecionado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e receberá um investimento de cerca de R$ 11 milhões. A pesquisa será conduzida no Laboratório de Toxicologia In Vitro (Tox In), localizado no Parque Tecnológico Samambaia (PTS), em Goiânia, com parcerias do Laboratório de Nanotecnologia Farmacêutica (Farmatec) e do Centro de Referência em Oftalmologia (Cerof).
Objetivos do Projeto Cell4Vision
O principal foco da pesquisa é o desenvolvimento de terapias regenerativas para o tratamento de doenças oftalmológicas que afetam diretamente a saúde pública, com ênfase em condições da córnea e retina. Estas doenças, muitas vezes debilitantes, representam desafios significativos na medicina ocular, sendo que muitas delas não possuem tratamentos eficazes ou acessíveis.
A pesquisa se concentrará na criação de uma plataforma biológica inovadora, baseada em terapias avançadas, com o intuito de fornecer tratamentos mais eficazes e personalizados para os pacientes. Entre os objetivos está a exploração dos efeitos de substâncias sobre células e tecidos saudáveis, utilizando modelos biológicos mais próximos da realidade clínica, o que permitirá a personalização das terapias conforme a constituição genética de cada paciente.
A professora Marize Valadares, coordenadora do Tox In e docente da Faculdade de Farmácia da UFG, destacou a importância desta linha de pesquisa para o avanço do tratamento de doenças oftalmológicas. Em suas palavras, “Estudaremos novas terapias celulares para o tratamento de danos induzidos na córnea e retina, nos posicionando para incorporar novas técnicas que, futuramente, estarão à disposição da comunidade”.
Investimentos e Novas Tecnologias
Uma parte significativa do investimento – aproximadamente R$ 6 milhões – será destinada à aquisição de equipamentos de ponta, com o objetivo de expandir e modernizar a infraestrutura do laboratório. O projeto inclui a compra de uma bioimpressora de alta capacidade, ferramenta fundamental para a criação de tecidos biológicos artificiais, como córneas, e também para o desenvolvimento de novos medicamentos.
Outro avanço tecnológico importante será a aquisição de um dispositivo de reprogramação celular, uma tecnologia inovadora que permite que células maduras regressem ao estágio de células pluripotentes induzidas (iPSCs), ou seja, células que possuem a capacidade de se transformar em qualquer tipo celular, podendo ser utilizadas em terapias regenerativas. Este tipo de tecnologia ainda é encontrado em poucas instituições de ciência e tecnologia (ICTs) no Brasil, o que posiciona a UFG na vanguarda da pesquisa científica nacional.
Expansão do Banco de Células e Bolsas Científicas
Os recursos também serão direcionados para a ampliação do banco de células do laboratório, com a aquisição de células xeno-free, ou seja, livres de componentes de origem animal, produzidas a partir de meios quimicamente definidos. Esse avanço é crucial para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e seguros, além de permitir a realização de estudos clínicos mais precisos e representativos dos problemas oftalmológicos enfrentados por pacientes.
Além disso, o projeto contempla o financiamento de bolsas científicas, contribuindo para a formação de novos pesquisadores e a capacitação de profissionais na área. O apoio a essas bolsas permitirá que o Tox In se consolide como um centro de excelência em pesquisa oftalmológica e terapias celulares.
Gestão e Perspectivas Futuras
A Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape), também sediada no PTS, ficará responsável pela gestão financeira e administrativa dos recursos ao longo dos três anos de duração do projeto. A diretora do Cerof, Katiane Martins, ressaltou a importância desse tipo de investimento para o fortalecimento das universidades públicas, afirmando que “é assim que se consolida uma universidade pública, por meio do investimento no ensino, em ações de extensão de qualidade e de pesquisas inovadoras”.
Esse período de três anos será determinante para a consolidação das novas terapias e tecnologias que poderão não apenas transformar o tratamento de doenças oculares no Brasil, mas também colocar a UFG como um centro de referência internacional na área de terapias celulares e regenerativas para a saúde ocular.
Conclusão
O Projeto Cell4Vision representa um avanço significativo para a UFG e para a pesquisa em saúde ocular no Brasil, proporcionando uma oportunidade única de desenvolver terapias inovadoras e de alto impacto. Com o apoio da Finep e a colaboração entre diferentes laboratórios e centros de pesquisa, as perspectivas para o futuro das doenças oculares e a regeneração celular são promissoras, podendo beneficiar milhares de pessoas com condições oftalmológicas graves.
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