Bolsonaro realizou um ato no Rio de Janeiro que atraiu 30 mil pessoas, bem abaixo das 1 milhão que ele esperava

Por Rede Livre

Bolsonaro realizou um ato no Rio de Janeiro que atraiu 30 mil pessoas, bem abaixo das 1 milhão que ele esperava

Foto: Desconhecido

Ato de Bolsonaro em Copacabana: Público estimado foi muito abaixo do esperado, mas discurso mantém tom combativo

Neste domingo (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro convocou uma manifestação em Copacabana, no Rio de Janeiro, com o intuito de apoiar o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro. O evento, no entanto, atraiu bem menos público do que o ex-presidente havia previsto. A expectativa inicial era de que 1 milhão de pessoas comparecessem à manifestação, mas os números reais ficaram muito abaixo.

Segundo o levantamento do Datafolha, apenas cerca de 30 mil pessoas estiveram presentes no ato. A estimativa foi feita com base em imagens aéreas captadas às 11h10, mais de uma hora após o horário previsto para o início do evento. A Polícia Militar do Rio de Janeiro, sob o governo de Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, divulgou que o público teria atingido 400 mil pessoas, embora a corporação não tenha explicado como chegou a esse número.

O ex-presidente Bolsonaro, que discursou cerca de meia hora após a chegada das imagens aéreas, reconheceu durante sua fala que o público presente era bem menor que o das manifestações anteriores, como a do 7 de setembro de 2022. Em seu discurso, Bolsonaro disse: “Eleições de 2022, a gente arrastava multidões pelo Brasil. Foi aqui no 7 de Setembro, tinha mais gente do que agora.”

A manifestação, organizada por Bolsonaro, teve um forte simbolismo político. A principal pauta do evento foi a proposta de anistia para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro, quando manifestantes radicais invadiram a Praça dos Três Poderes, em Brasília, em um ataque contra a democracia. Durante seu discurso, Bolsonaro criticou a investigação sobre os acontecimentos do 8 de janeiro, sugerindo que, caso estivesse no Brasil na ocasião, estaria preso ou até morto por seus opositores.

Discurso de resistência e afirmações contundentes

Bolsonaro também reafirmou que não tem planos de deixar o Brasil, mesmo com os processos judiciais que enfrenta. Em um tom combativo, afirmou que será um “problema” para seus opositores, quer seja “preso ou morto”. Essa declaração reflete o clima de polarização política que o ex-presidente continua a cultivar, mesmo após sua derrota nas eleições de 2022.

Em seu discurso, o ex-presidente não economizou críticas às investigações sobre os ataques de 8 de janeiro, que envolvem figuras chave do bolsonarismo, incluindo ele mesmo. “Só não foi perfeita esta historinha de golpe para eles porque eu estava nos Estados Unidos. Se eu estivesse aqui, estaria preso até hoje ou quem sabe morto por eles. Eu vou ser um problema para eles, preso ou morto”, declarou, se referindo às investigações que o incluíram como alvo.

Além disso, Bolsonaro criticou o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, mencionando que sua campanha à reeleição em 2022 foi prejudicada por ações de Moraes. Segundo o ex-presidente, ele foi alvo de uma “censura eleitoral” que impediu sua campanha de se expandir, enquanto seu principal oponente, Luiz Inácio Lula da Silva, teria a liberdade de veicular sua imagem sem restrições.

Divergências nos números de público

Enquanto o Datafolha estimou a presença de 30 mil pessoas no ato, outras fontes apontaram números ainda menores. O Monitor do Debate Político do Cebrap e a ONG More in Common, por exemplo, calcularam que o público foi de 18,3 mil pessoas, cerca de 2% do que Bolsonaro havia mencionado.

A estimativa foi feita com o auxílio de drones e inteligência artificial, e apontou que a manifestação em Copacabana teve um público significativamente inferior ao de eventos anteriores, como o de 7 de setembro de 2022, que reuniu aproximadamente 64,6 mil pessoas, conforme dados do mesmo estudo. Essa diferença de público reflete não apenas a divisão política do país, mas também o desgaste da imagem do ex-presidente, que já não consegue mobilizar a mesma quantidade de apoiadores nas ruas.

Temperatura política e efeitos sobre a campanha de 2026

Apesar da baixa adesão popular, o ex-presidente seguiu com seu discurso de resistência e afirmou que, em 2026, a eleição será conduzida de maneira “isenção” e que “eleições sem Bolsonaro é negar democracia no Brasil”. Ele também fez questão de reforçar que pretende ser um nome forte nas eleições do futuro, mencionando o ministro Kassio Nunes Marques, indicado por ele ao Supremo Tribunal Federal (STF), como um possível aliado no processo eleitoral de 2026. A defesa de Nunes Marques para o cargo de presidente do TSE, na visão de Bolsonaro, seria fundamental para a promoção de um pleito mais “justo” e com menos interferências da justiça eleitoral.

Em um contexto de acirramento político e de crescente polarização, o evento e os discursos de Bolsonaro têm gerado intensos debates. Enquanto uma parte de seus apoiadores clama por sua defesa e a da democracia representada pelo movimento de anistia, outra parte do país questiona os limites da legalidade e da constituição, diante da tentativa de minimização da gravidade dos ataques de 8 de janeiro.

Conclusão: O futuro do bolsonarismo

 

O ato deste domingo, embora tenha sido de menor proporção do que o esperado, reafirma o posicionamento de Bolsonaro como um personagem central da política brasileira, mantendo uma base de apoio considerável, mas cada vez mais polarizada e questionada. A mobilização, ainda que numericamente fraca, indica que o ex-presidente continuará a atuar no cenário político, buscando reforçar sua influência para as eleições de 2026, enquanto desafia a narrativa das investigações sobre os atentados golpistas de janeiro. O cenário, portanto, está longe de se estabilizar, com Bolsonaro insistindo na retórica de luta contra um sistema que, segundo ele, ainda tenta silenciá-lo.

 

Foto: Reprodução.